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A quarentena e o gosto por estudar


Este ano de 2020 seria um muito bom para mim, mas tudo mudou com a pandemia. Eu estava começando a minha profissão como professor na UFSCar e tinha criado uma rotina de autocuidado muito boa envolvendo academia, Pilates, meditação e sessões com uma psicóloga. Infelizmente, tivemos que cancelar o calendário letivo e pude dar apenas uma aula presencial em março, o que me frustrou muito. Além disso, vim para Curitiba e parei de realizar todas as minhas atividades de autocuidado seja pela dificuldade de mudar toda a rotina, seja por não conseguir superar a pressão psicológica que é estar de quarentena.

É claro que o momento agora é de grande impacto na vida de todos e, para manter minha saúde mental, tenho tentado mudar meu modo de viver e minha visão de vida. Cada semana é difícil, mas vejo que tenho evoluído aos poucos e quero compartilhar o que venho observando. Vou dividir esse pensamento em três pontos:
  1. Não se cobre;
  2. Se perdoe;
  3. Faça o que você gosta.
No dia-a-dia normal podemos tentar sempre cumprir uma "vida perfeita" e muitas vezes falhamos. Comer bem, dormir bem, trabalhar, cumprir prazos, cuidar da casa, se exercitar, respirar... ufa. São muitas coisas para realizar, mas quando entramos em uma rotina na qual vemos pessoas que gostamos, conversamos e temos surpresas (mesmo que pequenas, como encontrar um amigo na rua) tornam o dia mais leve. Na quarentena não temos isso e, assim, fica mais difícil de cumprir com os compromissos que nos colocamos. É cansativo, repetitivo e monótono. Então, não se cobre como se estivéssemos vivendo normalmente.

Mas falar é fácil, difícil é fazer. Não se cobrar para fazer um exercício em casa ou escrever um texto que já está parado há meses não é fácil mesmo, mas aí entra a segunda parte. Temos que ter empatia por nós mesmos, saber que somos humanos e não estamos vivendo uma situação normal. O perdão é fundamental para limpar a mente, começar do zero e retomar as atividades.

De qualquer maneira, no início da quarentena tudo que eu tinha que fazer parecia pesado. Comecei a me perguntar o que eu realmente gostava de fazer no meu trabalho e pensei que aprender era uma delas. Eu já tinha comprado um curso de programação, mas nunca tinha feito. Hoje já estou quase acabando ele e estou fazendo outros cursos de pedagogia pela UFSCar como preparação para dar aulas remotamente. Com isso, eu tive uma sensação que eu não sentia há muito tempo, um gosto por estudar e de ir atrás de novos conhecimentos por conta própria. Vejo que a obrigatoriedade que a graduação e a pós-graduação trouxeram para o estudo me tirou um pouco desse gosto pelo aprender, mas que estou retomando agora com a cabeça mais livre. Fazendo o que eu quero e o que eu gosto me dá mais energia para realizar outras atividades que poderiam ser mais difíceis. Assim, eu me sinto produtivo e vivo.
Também não precisamos ficar apenas com gostos do passado, podemos experimentar coisas novas. Tenho cozinhado bastante e em breve postarei a receita de pão caseiro que venho fazendo. Sinto que cozinhar pode parecer trabalhoso, mas é um momento que eu foco naquilo que estou fazendo e esqueço um pouco do resto. Isso me ajuda a eliminar a ansiedade e relaxar um pouco.

Comentem o que vêm fazendo para passar a quarentena de forma mais leve possível. Vamos trocar nossas experiências! Desejo que todos se cuidem e, se você puder, fique em casa.

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